terça-feira, 29 de maio de 2012

Apex-Brasil abre concurso para selecionar projeto de criação

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) abriu um concurso para selecionar o projeto de criação do Troféu Prêmio Apex-Brasil de Excelência em Exportação 2012.

Qualquer pessoa física com habilidade artística amadora ou profissional pode participar, desde que inscreva um projeto inédito de sua autoria, exceto nos casos descritos no edital.

Para se inscrever, o interessado deve preencher a ficha de inscrição (Anexo II), juntamente com o envelope de habilitação e o projeto de criação.As inscrições são gratuitas, sendo que cada participante pode inscrever apenas um projeto.

A entrega do material deve ser feita até o dia 20 de julho, das 9h30 às 18h, exceto feriados e finais de semanas, na sede da Apex-Brasil, aos cuidados da Comissão Permanente de Licitação (CPL), no seguinte endereço: SBN, Quadra 2, Lote 11, Edifício Gabriel Otávio Estevão de Oliveira, 1º subsolo, Brasília – DF , CEP: 70040-020.

O resultado será divulgado no dia 10/08/2012, no site da agência  www.apexbrasil.com.br. Confira o edital completo


Entrevista Ricardo Pedroso "Ninguém olha o mercado"

Ricado Pedroso é idealizador do Projeto Terra

 Fonte: Museu do Objeto Brasileiro - A Casa



Como surgiu o Projeto Terra?
Sou economista, tenho pós-graduação em finanças e toda a minha trajetória profissional se deu na área financeira. Primeiro, trabalhei na Ipiranga, empresa de petróleo; depois, na Souza Cruz, de onde fui transferido do Rio de Janeiro para São Paulo, numa outra empresa do grupo, a Polo, que acabei comprando mais tarde, junto com um colega. Em 2001, por uma série de desentendimentos que tivemos com outro sócio, saí de lá.

Nessa época, um vizinho tinha uma loja em Pinheiros chamada Orro & Christensen. Foi a primeira empresa em São Paulo a trabalhar com certificação de madeira, com selo FSC, a primeira indústria inteiramente certificada. Comecei a trabalhar com eles, de uma maneira meio informal, como uma espécie de conselheiro na área de gestão. Disso resultou a ideia do Projeto Terra, fundado por mim e pelo sócio dessa loja, o Marcos Nisti. Na época, eles fizeram junto com o Projeto 100 Muros, do Gilberto Dimenstein, um banco que tinha o pé em madeira certificada e o tampo em mosaico feito pelos jovens do projeto. Naquele objeto, se tinha exatamente o que virou o foco do Projeto Terra: um produto com conteúdo social e ambiental. O ambiental era o pé com o selo FSC, e o social estava no fato de o tampo ter sido feito a partir de um trabalho de inclusão social dos jovens da Vila Madalena. Então, nos questionamos: há outras coisas com esse tipo de conteúdo? É viável abrir um negócio, trazendo para o mercado produtos com conteúdo socioambiental? Em maio de 2002, inauguramos nossa loja no Shopping Villa-Lobos.

O Projeto Terra utiliza o conceito de solidário para descrever o tipo de consumo que pretende promover. Por quê? O que este conceito significa?

Criamos essa nomenclatura para nos diferenciarmos do conhecido “comércio justo”. A diferença residia no fato de que não apoiávamos apenas comunidades e projetos sociais, apoiávamos também projetos de pessoas e empresas que tivessem foco em meio ambiente. Não era necessariamente social, mas tinha que ser necessariamente ambiental. Vendíamos muito, por exemplo, os móveis de madeira certificada da Orro & Christensen. Tínhamos uma linha de móveis em madeira com a marca WWF. Era uma coisa que ninguém tinha pensado, nunca ninguém tinha feito. Era industrial, mas cabia perfeitamente no conceito de solidário que usávamos. Diante da falta de nomenclatura, chamamos de solidário: solidário com as pessoas, com o planeta, com o meio ambiente. Com o tempo, fomos percebendo que solidário tem uma conotação pejorativa, de “coitadinho”. Quando eu falo “trabalho com comércio solidário”, a pessoa pergunta: “é na igreja?”. Talvez não tenha sido a palavra mais feliz, mas é a que adotamos.

De acordo com o site, o Projeto Terra “é resultado de um crescente processo de indignação”.

As pessoas reclamam de tudo, as pessoas gostam de falar que político é ladrão, que o Brasil não funciona etc. Mas a contribuição que a gente se dispõe a dar é sempre muito pequena. Peço nota fiscal de tudo o que eu compro, sempre pedi, independente do Projeto Terra. Como economista, eu tinha essa percepção: “poxa, se você não vai me dar nota, então me dá desconto”. O imposto está embutido no preço. Se o sujeito vai sonegar, então vamos dividir. Essa semana, tive uma discussão muito interessante com um fornecedor que não queria me dar a nota. Ele dizia: “pagamos muitos impostos e não recebemos nada de volta”; eu respondia: “ouço as pessoas usarem isso como desculpa para serem ladrões também”. Quando você não paga seu imposto, está se apropriando de uma coisa que não é sua. Se você consultar o dicionário, verá que esse é o conceito de ladrão: alguém que se apropria de uma coisa que não é dele. Quando você deixa de pagar imposto, não é você o prejudicado, é o seu funcionário, são as camadas mais sensíveis e mais pobres da sociedade. Acaba ocorrendo um efeito bumerangue, que te afeta de forma indireta: é menos investimento em educação, em saúde, em transporte, em geração de oportunidades, o que resulta em pessoas que rendem menos, faltam mais e, no extremo, te assaltam no farol. Enquanto isso, você acha que está fazendo um bem danado não dando dinheiro que pode ser desviado pela corrupção.

Sempre fui de fazer. Adoro uma frase do Jean Cocteau: “não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”. Acho isso brilhante. Eu era diretor de uma empresa, cujo dono era a Souza Cruz e, em determinado momento, eles colocaram a empresa à venda. Mesmo sendo de classe média, pensei: “eles querem vender, vou comprar”. As pessoas falavam “você é louco? Como é que vai comprar uma empresa da Souza Cruz?”. Ah, sei lá, vou comprar. Em um processo de dois anos, eu e um colega fomos lá e compramos financiado. Estou cansado de ouvir essa coisa de “não dá”, “já tentaram e não deu certo”. Ouvi isso a minha vida inteira. Eu penso assim: “não deu, então vamos lá...”. O processo é esse de encarar.

Quando abrimos a loja do Shopping Villa-Lobos, tínhamos apenas 21 fornecedores. Imagina uma loja enorme, seis vezes o tamanho de nossa loja atual; tinha um produto aqui, você dava dois ou três passos e o mesmo produto estava ali, dava mais três e o mesmo produto estava lá. Não tinha variedade, não tinha quantidade suficiente de fornecedores com esse conceito para abastecer a loja. Hoje, temos uns seiscentos fornecedores cadastrados – muitos inativos, obviamente. Por coincidência, em 2002, quando começamos, havia vários projetos acontecendo. No momento em que entramos, eles também estavam maduros, soltando produtos. Nessa fase inicial da loja no Shopping Villa-Lobos, fizemos diferença para esses grupos que estavam começando. Houve muita visibilidade, imprensa, TV, em cima do conceito, em cima da loja que tinha um selo FSC na parede. Foi uma época muito proveitosa e aproveitamos muito bem também.

Atualmente, há uma série de projetos de promoção do artesanato com muita dificuldade na hora de vender. Há uma retração nesse mercado?

Brutal. Eu acho e tenho dito em vários fóruns que existe um problema seriíssimo no artesanato. Primeiro, pela questão de oferta: existem centenas, talvez milhares, de projetos no Brasil inteiro, apoiados pelos mais diversos tipos de instituições – públicas, privadas, governamentais – gerando produtos e, mais do que isso, gerando sonhos que não vão ser realizados porque não tem onde vender. Existem milhões de reais sendo gastos nas comunidades para produzir, e praticamente zero na ponta de venda.

O negócio é tão louco! Existem diversos projetos paralelos. Há ações no Ministério do Turismo paralelas a ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário, paralelas ao Programa de Artesanato Brasileiro (PAB), que é ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, paralelas às ações do SEBRAE, e eles nem sempre se entendem e se falam. Tenho defendido que o artesanato deve ser tratado como um programa de governo, integrado, com envolvimento dos Estados e Municípios, em prol das milhões de pessoas que fazem do seu trabalho manual sua principal, muita vezes única, fonte de renda.

Além disso, ninguém olha para mercado, ninguém pensa onde vai vender, por quanto vai vender. Há um problema seriíssimo de preço e, ao longo do tempo, esse problema foi se agravando. Tenho uma percepção de que design é usado como uma palavra mágica: “ah, tem design, então beleza! Agora eu vou cobrar mesmo!”. Só que o consumidor não está disposto a pagar. Acho que quem manda nessa história é o consumidor. Se o consumidor entra aqui na loja e sai de mãos vazias é porque ele acha que o atributo do produto não está batendo com o que está sendo cobrado. Tem alguma coisa errada. Às vezes, o Sebrae me chama para fazer palestras para artesãos e eu pergunto: “por que vocês acham que não vende?”; os artesãos respondem: “não vendo porque o Sebrae não ajuda, porque a prefeitura...”. O artesão não vende porque tem alguma coisa errada com o produto. O governador não vai obrigar ninguém a comprar o que o artesão está vendendo. Talvez o preço esteja errado, talvez a qualidade não seja boa, talvez a embalagem seja ruim. Eu, que acompanhei essa trajetória em alguns grupos, vejo que os preços não são sustentáveis. O mercado, hoje, é muito mais aberto, há uma concorrência imensa com outros produtos, principalmente com os importados. E, no fim, se você vai dar um presente para sua avó, pode comprar um belo produto artesanal brasileiro ou uma nécessaire chinesa na Rua 25 de Março – ela vai ficar contente com as duas coisas. Vai muito da percepção que as pessoas têm sobre o que é legal e o que é certo comprar ou não.

Quando o Lula foi eleito em 2003, existiu um entusiasmo, um crescimento do sentimento de brasilidade. 2003, para nós, foi um ano fantástico. Ao mesmo tempo em que se vendia muito, havia esses grupos do Brasil inteiro entrando no mercado com coisas novas, coloridas, com cara de Brasil. Acho que esse modelo foi cansando, as coisas começaram a ficar repetitivas, todo mundo copia todo mundo.

Essa crise existe sim, eu conheço um monte de lojista que fechou, mudou de ramo. Eu viajo pelo Brasil, encontro esse povo todo, e vou falar: somos heróis. Ou teimosos. Meus irmãos falam: “você é teimoso”. Digo que não sou teimoso, eu sou insistente.

Como resolver essa crise?

Acho que essa crise se resolve com um trabalho conjunto. De novo, programa de governo. Como valorizar o artesanato? Um exemplo: pega o personagem símbolo do poder, do bem sucedido na novela e paga para que no enredo o cara seja apaixonado por arte brasileira. É preciso criar esse gosto, mostrar para as pessoas, fazer propaganda de que isso é legal, de que isso é bonito. Hoje em dia, as pessoas seguem o que a TV diz. Tivemos experiências com alguns produtos que apareceram na novela e começamos a vender; ou sai na Vejinha e arrebenta de vender.

O produto artesanal brasileiro é caro?

Quantos grupos de artesanato você conhece que sumiram nos últimos anos? São muitos! Sumiram por quê? O produto ficou feio do dia para a noite? Não. Eu vi os preços crescerem. O Sebrae lançou um programa de comércio justo. A orientação básica que vai para o Brasil inteiro é que as pessoas têm que trabalhar para ganhar, no mínimo, um salário mínimo. Acho justo e não vou entrar nesse mérito, embora existam regiões em que o sujeito que ganha um salário mínimo é rico, completamente acima do padrão local, mas não vamos nivelar por baixo. Só que quando perguntamos “como é o seu dia típico?”, muitas vezes eles respondem: “Eu acordo, faço café, lavo a roupa, varro a casa, levo o filho na escola, faço almoço para o marido”. “A que horas você trabalha?”. “Depois do almoço, eu descanso um pouco e trabalho das 14h às 19h, quando meu marido chega”. A pessoa trabalha quatro, cinco horas por dia, quer ganhar um salário mínimo e coloca isso no preço. Aí, não vende. Por que não vende? Porque está errado. “Mas é comércio justo”. É justo desde que o consumidor queira pagar por isso.

Eu acho que sim, o artesanato brasileiro é caro. Participei de feiras no exterior, vendendo a varejo, na França, em Portugal, nos Estados Unidos, ao lado de pessoas do mundo inteiro, da África, da Ásia. Oferecíamos o inusitado e vendíamos muito bem. Mas ao andar na feira e comparar os preços de produtos com utilidade similar, é ridículo. O nosso é muito mais alto, porque ele sai daqui muito mais alto, ele é muito mais alto na base, no cara que faz. Cestaria, por exemplo, esqueça, nem perca tempo levando. Cestaria se faz na Ásia, na Tailândia, na Indonésia, há cinco mil anos; são coisas lindas a preços muito baixos.

No âmbito das políticas públicas, quais ações podem desenvolvidas para promover o artesanato brasileiro?
A profissão de artesão não é regulamentada. O artesão, como profissional, não existe, ele está num limbo jurídico. Então, não tem direito a nada. Isso é uma coisa que política pública deveria resolver. Existe um projeto que está no Congresso há não sei quantos anos, mas a coisa não anda.

Em alguns estados o artesanato é isento de imposto, em outros não é. Já se cria uma confusão aí. Em São Paulo, por exemplo, o artesanato é livre de imposto – a venda do artesão para o consumidor, a minha não, sou uma empresa, mas o artesão vende para mim sem imposto. Porém, se eu compro de um artesão de Minas, mesmo que lá ele não tenha imposto, eu pago uma coisa chamada de diferença de alíquota. O sistema de ICMS é débito X crédito; o produto vem com um imposto pago de lá, e eu compenso com o imposto daqui, que é mais alto. Então, se vier com imposto de 12%, e tenho que pagar 18%, pago só 6%.  Quando vem com zero, porque é isento, pago os 18%. Não adianta isentar lá, porque eu pago aqui e isso vai para o preço. Ainda que seja uma instituição filantrópica que não tem que pagar imposto, se entrou em São Paulo, paga-se essa diferença de alíquota. É ridículo. O negócio que sai isento de um lado tem que ficar isento em toda a cadeia. Isso é política pública. E lembre, estamos falando de imposto sobre o valor da compra. Depois pago de novo sobre o valor da venda para o consumidor final.

Recentemente, a Sutaco abriu uma loja no metrô da Vila Madalena. Isso é política pública, abrir espaço de comercialização. Está todo mundo preocupado em ajudar a comunidade lá no local dela. Vemos projetos fantásticos com produtos lindos, fazem catálogos com fotos profissionais, mas não criam um site na internet. Quem recebeu o catálogo tem, quem não recebeu não tem. Acaba o projeto, os artesãos vão para uma ou duas feiras e, na terceira, já ficam lá vendendo os produtos na beira da estrada. Falta fazer o projeto de cabo a rabo, completar. A ponta de venda tem que ser ajudada em política pública. O governo deve incentivar a Globo a colocar numa novela, a mostrar, com uma curadoria correta, que a arte popular e o artesanato brasileiro são coisas fantásticas, maravilhosas, feitas por gente nossa, com histórias lindas.

O que é uma comunidade artesã? Na maioria das vezes, são pessoas com baixa escolaridade. Artesanato é o que elas sabem fazer, o que elas gostam de fazer, o que elas aprenderam a fazer desde pequenas, uma derivação da panela de barro que a mãe fazia, do trançado que vem de gerações. Se não abrirmos mercado para essa gente, eles vão fazer o quê? Acho que um bom programa de artesanato é uma das portas de saída para o Bolsa Família, por exemplo. É muito mais digno ganhar dinheiro fazendo as coisas que se sabe fazer do que ficar dependendo do governo.

O Projeto Terra é um intermediário entre as comunidades de artesãos produtoras e o consumidor final. Como se negocia o preço de compra com o artesão e como se estabelece o preço para a venda ao consumidor?

Muita gente pergunta: “o que você devolve para o artesão?”. O artesão não é meu sócio. Compro e pago. O que eu vou fazer de lá para cá é problema meu. Eu sei onde me dói, e o artesão sabe onde dói o dele. O que eu não faço é oferecer menos do que o artesão pediu. Se ele quer dez, é dez. Agora, eu vou botar minha margem na loja. Se vender, eu volto à comunidade, se não vender, eu não volto. Sempre trabalhei desse jeito e sempre fui muito claro. No começo, quando eu não conhecia muito – aliás, eu não conhecia nada, eu gostava de artesanato, mas não lidava com isso – fui muito abusado. Os caras olhavam para aquela loja imensa e pensavam “ah, ele vai ver só”. Só que aí não vendia e eu dizia: “é bobagem, não adianta eu vir aqui e comprar apenas uma vez, você vai querer que eu volte e compre sempre”. Se eu colocar o produto na loja e levar seis meses para vender, me esquece.

O que eu estou oferecendo? Uma prateleira, um espaço fantástico para o produto do artesão se sobressair. Se ele estiver com o atributo certo, vou continuar comprando e ele terá aquele espaço para sempre. Se tiver algum atributo errado, o consumidor vai rejeitar. Não sou eu que mando, é o consumidor que vai escolher ou não, dentre as centenas de produtos, o seu.

Eu não mexo no preço do produtor, mas também não quero que ele venha questionar. Muitas vezes, artesãos afirmam: “doutor, sou eu quem inventa, quem cria, quem sua, quem colhe, quem faz; eu vendo para o senhor por dez e o senhor vende por vinte; o senhor ganha dez sem fazer nada!”. Em todas as apresentações que eu fiz para artesãos apareceu alguém para fazer essa pergunta. O cara não reconhece quanto custa ter a loja, quanto custa o imposto, funcionários, quanto se paga de luz... Ele acha que eu ganho dez sem fazer nada, que estou tendo lucro em cima dele. Nessas apresentações, levo uns slides e mostro a foto de uma lojinha de artesanato comum e uma loja bacana como a nossa. Aí pergunto: “em qual delas você quer vender? Você acha que vender aqui ou aqui é o mesmo preço? Você acha que é o mesmo custo?”. Isso abre um pouco suas cabeças, mas a visão geral é exatamente essa: “o cara está me explorando, ele compra por dez e vende por vinte”. E ainda botam a culpa na gente: “não vende porque o senhor bota muita margem no preço”.

Eu sempre digo o seguinte: o relacionamento que temos com as pessoas que nos fornecem é baseado em equilíbrio, dignidade e respeito. Isto faz do Projeto Terra um empreendimento com uma forma de atuação peculiar, com comportamento de ONG nas relações de compra e de empresa nas relações de venda.  Mas no final das contas, o que nos diferencia mesmo é que, no nosso empreendimento social, quem nos sustenta é o consumidor, são os nossos clientes. Se o negócio der dinheiro, deu, se não der, sou eu que tenho que bancar.

Como é o processo de seleção de peças para a loja? Você vai até as comunidades ou elas vêm até você?

Já viajei muito mais do que tenho feito hoje. Já fiz esse garimpo muito mais intensamente. Eu elegia um estado, por exemplo, a Paraíba, e, durante as férias, conhecia de cabo a rabo. Ficava vinte dias, andava de cidade em cidade olhando, fuxicando tudo. Fiz isso em Alagoas, em Pernambuco. Fiz bastante por aí. Com o tempo, principalmente porque aparecemos demais naqueles primeiros anos, começamos a receber muita oferta. Eu parei de sair e as pessoas vinham a nós de forma intensa. Chegava a ser chato. Na loja do Shopping Villa-Lobos, acontecia de ligar um segurança e falar: “Ricardo, tem uma caravana com dois ônibus aqui na porta e as pessoas querem falar com você; deixa entrar?”. “Sei lá, o shopping é público, deixa entrar”. Eram dois ônibus vindos do interior de São Paulo, cada pessoa com o seu produto. Eu sofria, porque a pior coisa é ter que falar não. Na época, a fama que se tinha era “lá você vai vender muito, o cara é comércio solidário, ele vai comprar”. E não é assim. Tinha gente que saia chorando, que saia gritando da loja, bravos. Passei por umas cenas bem grotescas. Então, resolvi adotar outro critério; criei um comitê de produtos e eu digo: você manda a foto e a foto vai para o comitê. O comitê é que vai aprovar ou não. Na verdade, o comitê sou eu, eu e a Rossana, minha esposa, no máximo, mas tira aquela coisa pessoal – “o Ricardo disse não”. O Ricardo não disse nada, você mandou uma foto e o comitê julgou que não combina. Eu nunca digo que o produto é ruim. Digo sempre que já tem uma comunidade que fornece produtos semelhantes, ou que não trabalhamos com esse tipo de produto na loja; é sempre uma coisa mais amena.

O Projeto Terra previa oferecer consultoria aos artesãos e grupos que não estivessem qualificados para o mercado. Isso é feito?

O Projeto Terra foi criado como uma empresa comum – compra e vende, ganha e perde. Mas, para mim, a parte mais dolorosa sempre foi dizer não, porque sei que por trás desses objetos há uma esperança, há comunidades inteiras. Então, eu pensava que seria uma oportunidade fantástica voltar a esses grupos com um projeto de capacitação para que aquela tecnologia que eles usavam gerasse produtos que o mercado aceitasse. E víamos uma vantagem no Projeto Terra: tínhamos a ponta de venda, que era o teste de produto. Além disso, tínhamos contato com todos os designers que estavam atuando nessa área. Então, poderíamos juntar um grupo que trabalha com determinada tipologia e o designer que é bom com essa tipologia. Daí surgiu o Instituto. A ideia era fomentar isso, mas a verdade é que não consegui colocar o Instituto para funcionar. No meio do caminho, meu sócio saiu por motivos particulares e eu fiquei sozinho; eu e minha esposa fazemos tudo. Eu teria que ter ganhado dinheiro suficiente para montar uma equipe que tocasse isso. Sair do Shopping Villa-Lobos para esta nova loja teve um impacto no faturamento muito maior do que eu imaginava. É impressionante o poder que um shopping center tem de gerar venda – venda, não resultado. Então, esse projeto ficou em banho-maria. Esse tipo de coisa, de dar dicas, eu faço informalmente, quando visito os grupos. Eles mudam um produto aqui, outro ali e trazem para a loja para experimentar. Mas não é uma coisa formal. Acabamos não conseguindo fazer isso formalmente.

Quais os motivos do Projeto Terra ter saído no Shopping Villa-Lobos?

Um dia o shopping virou para mim e disse: “Ricardo, a gente está com um problema”. O shopping havia transformado um pedaço do estacionamento em loja e não fez uma escada fixa, só escada rolante. Os bombeiros falaram que se não houvesse escada fixa iriam lacrar o estabelecimento. Então, o shopping decidiu que, para fazer essa escada, abriria um buraco no chão da minha loja e da loja do lado. Se você for lá hoje, vai ver esse buraco. Eles propuseram: “Você faz uma reforma, tira a escada que leva ao mezanino, bota em outro canto”. Eu respondi: “Esquece, isso é uma escada em balanço, tem uma malha de ferro enorme atrás para segurar isso”. Era uma escada que não tinha pilastra, era um degrau de três metros para fora, de madeira, uma construção caríssima. Não tinha a menor chance de reformar. Ao mesmo tempo em que isso estava acontecendo, eu estava negociando com o proprietário desse espaço, que insistia para que viéssemos para cá.

Acabei vendendo o ponto de volta para o shopping, imaginando que o faturamento iria cair, mas o custo também. Na verdade, eu levei um susto: o faturamento caiu bem mais do que eu imaginava. O shopping é absurdamente caro, mas é absurdo o que você vende. É a história da Sutaco com a loja do metrô. Eles tinham uma loja que vendia dois mil por mês; agora, dizem que a loja do metrô vende sessenta! Por quê? Porque tem gente. A Vila Madalena, tem esse pormenor, não tem gente. Cadê os transeuntes? Não tem. Então, para mim – e acho que para muita gente que está por aqui – foi um pouco decepcionante. A Vila Madalena tem muita fama, mas em termos de venda não é grande coisa.

Você não pensa em voltar para um shopping?

Não no momento. Acho que agora deve estar mais caro ainda, deve estar impossível. Mas eu digo isso, temos que ter programa de governo. O governo tem que criar algum mecanismo para que a ponta de venda surja. Olha o resultado da loja do metrô da Sutaco! Eu não fui lá ver, mas parece que é pequenininha. É preciso levar para onde está o povo. E acho que políticas públicas podem ajudar nisso.
Há também outro fator que atrapalha: muitas vezes, quando a pessoas pensa em artesanato, imagina aquelas lojas que se vê muito no Nordeste, aquela coisa entulhada, sem nenhum tipo de seleção, uma salada mista. Às vezes, quando me perguntam “o que você faz?”, vejo a cara do sujeito quando respondo “eu trabalho com produto artesanal”. A pessoa faz uma careta e eu sei que está pensando naquilo lá.
Há dez anos estou tentando descobrir qual é o segredo.

Quais são as dificuldades enfrentadas por quem lida com comercialização de peças artesanais? É possível estabelecer prazos rígidos para a entrega? É comum a quebra de peças no transporte?

Em relação aos prazos, pode acontecer de chover demais, e aí, a palha, por exemplo, que tem que secar, não seca. Por outro lado, tem um pessoal que faz manta de látex que usamos em alguns produtos. Se chover pouco, não dá para colher. Mas nos meus dez anos de experiência, levei cano de uma pessoa só. Eu paguei, mas não recebi. Acho que com o tempo, os artesãos foram ficando mais sérios, porque as instituições passaram a ter um controle maior.
Em relação à quebra de peças no transporte, eu tive uma experiência em que comprei um grande lote de uma cerâmica da Bahia e 90% das peças chegaram aqui quebrada. O cara não tem plástico bolha. Você pede para colocar e ele pergunta: “o que é isso?”. Então, têm coisas que eu acabo não comprando. Quando compro, embalo e trago comigo.

Você já afirmou outras vezes que o consumidor tem o poder de transformar o “ato de comprar em uma ação efetiva de mudança, para melhor, das condições de vida das nossas cidades e do nosso país”.
Se você parar para pensar, todas as relações são relações de consumo. Eu acho que o poder é 100% do consumidor, ele é que decide o que quer fazer, o que quer comprar, em quem quer votar – sim, o voto também é uma relação de consumo. Mas, na maioria das vezes, ele não sabe disso.

Não é um paradoxo atrelar a possibilidade de mudança ao consumo? A mudança não passa justamente pela redução do consumo, até para a preservação do meio ambiente, por exemplo?
Claro que é. Se você olhar em volta, eu não vendo nenhum item de primeira necessidade. Vou até mais longe: só vendo o supérfluo. Mas é um supérfluo que traz um benefício no outro lado. É bonito, é bom para alma, é bom para a comunidade. Se você for pensar na ausência de consumo como solução para os problemas do planeta, você vai criar muito mais problemas, porque não vai haver emprego, não vai haver renda. A roda tem que girar e, se tem que girar, que gire beneficiando as camadas menos favorecidas. As pessoas vão consumir: você vai comprar uma casa, você vai decorá-la, você vai precisar de um jogo americano. Ninguém vai viver numa casa em branco, sem mesas nem cadeiras, para não prejudicar o planeta. O que a gente prega é o seguinte: já que você vai consumir, que consuma coisas com significado, que tenha consciência de que seu gesto de consumo não acaba ali, ele tem consequências atrás e terá na frente. É justamente isso o que colocamos nas tags dos produtos.

Qual a importância de trazer, junto ao objeto, uma tag com informações a respeito de onde o produto foi feito, por quem, de que jeito?

Na verdade, isso já foi objeto de muita polêmica. Meus concorrentes acham um sacrilégio. Eles dizem: “Cara, você é maluco, com essas informações as pessoas vão ligar para a comunidade e comprar direto”. Ora, que liguem e que comprem. Provavelmente, vão encontrar dificuldades, as peças vão chegar quebradas, vão pagar mais do que eu pago, pois eu compro em quantidades maiores. Então, isso nunca me preocupou, até o momento em que começamos a atuar mais fortemente na área corporativa. No corporativo, quando o cara liga, ele compra direto da comunidade e eu entro pelo cano.

Já tive que lidar com situações delicadas. Em Santana do Araçuaí, um pequeno povoado no Vale do Jequitinhonha, há um galpãozinho onde os artesãos vendem as coisas que produzem. Certa vez, em 2004, no auge do Projeto Terra, apareceu um cara lá dizendo ser meu amigo. Como eu já estive em Santana do Araçuaí três vezes, todo mundo dali me conhece. Esse cara comprou tudo, esvaziou o galpão, botou as coisas no caminhão e deu três cheques: dois sem fundo e um sem assinar. Aí me ligaram de lá: “Ricardo, ele é daí de São Paulo, você deve conhecer”. Eles não têm noção. Moram numa cidade de três mil habitantes, onde todo mundo conhece todo mundo e acham que São Paulo é igual. Na época, eu pensava: “será que acham que eu o conheço porque não têm noção do tamanho de São Paulo, ou desconfiam que eu possa ter algum tipo de amizade com um cara que fez um negócio desses?”. Muitas pessoas iam à loja com filmadora, aproximavam na tag. Eu nunca liguei, sempre achei que não tinha problema. Mas comecei a tirar as tags de algumas comunidades mais ingênuas ou mudar um pouco a historinha para a pessoa não conseguir chegar.
A verdade é que não acho que as pessoas dão muita importância à tag. Quando o cliente quer, temos na gaveta, mas não fica mais exposto em todas as peças. Uma ou outra tem. No corporativo, sentimos que é importante, todo mundo quer. Mas eu só dou depois que o negócio já está fechado. Tive experiências horríveis de fazer todo o trabalho e, na hora de fechar, me falarem “sabe o que é, eu não compro de intermediário”. Fizemos reuniões, apresentamos um monte de propostas, nos deslocamos e, na hora de fechar, “não compramos de intermediários”.

Sempre achei que a tag era importantíssima para o consumidor.
Na loja do Shopping Villa-Lobos, você sentia que as pessoas gostavam disso. Elas paravam na peça, olhavam, analisavam, pegavam a tag, liam, passavam para outra peça, ficavam um tempo fazendo isso. Hoje, confiamos mais na conversa, na explicação pessoal, do que na história que o cara vai ler. Mas a historinha está disponível para quem quiser. De qualquer maneira, conceitualmente, a pessoa que entra aqui sabe que as coisas têm esse espírito, esse conteúdo, independente de a história ser conhecida ou não. Esse efeito existe.

Enquanto muitos acham que a melhor solução para o artesanato seja a venda para públicos de maior poder aquisitivo, aumentando o preço e diminuindo a escala, outros apontam a necessidade de vender no atacado, diminuindo o preço e aumentando a escala. Como você enxerga essa questão?

Há grandes redes que compram muito, como a Tok&Stok e o Caras do Brasil, do Pão de Açúcar. Se a empresa compra muito, não adianta ir num lugar que tem apenas três pessoas fazendo à mão; se um deles ficar doente, um terço da produção é perdida. Então, quem demanda grandes volumes vai às comunidades que são capazes de produzir grandes volumes e, em princípio, estão sempre se capacitando para fazer mais. São comunidades que estão com o preço certo e o produto correto.

No segmento de brindes corporativos, acho que há uma série de vantagens. A primeira é que quando uma grande empresa escolhe um produto artesanal, ela mostra uma forma de pensar. As pessoas que recebem têm essa percepção: “essa instituição me deu um produto que foi feito à mão, por um brasileiro”. Isso beneficia toda a cadeia de artesanato. É crescente esse movimento de as empresas quererem, através do presente que elas estão dando, mostrar como elas pensam em termos de sustentabilidade, em termos de inclusão social. Tem gente que realmente tem esse interesse em se apresentar de forma coerente com sua missão. O problema é que, muitas vezes, as pessoas querem fazer isso, mas não têm nenhuma noção de tempos, de prazos, de formas de pagamento. 

Então, por exemplo, o cara quer pagar em sessenta dias após a entrega. Imagina pegar uma comunidade de pessoas cujo trabalho é esse e dizer assim: “você vai ficar sessenta dias trabalhando para me entregar, e vai esperar mais sessenta para receber”. Eles vão comer o que esse tempo todo? Essa sensibilidade ainda precisa ser apurada. Algumas empresas argumentam que é regra que vem da matriz, que não pode ser diferente e que o prazo é esse. Aí eu respondo “se o seu prazo é esse, então eu não te vendo”. Também tenho os meus princípios. Tenho uma forma de me relacionar com quem produz na qual isso não é aceitável. Lembra? Equilíbrio, dignidade e respeito. Mas eu diria que é um mercado em ebulição e é de fato, uma possível solução. É uma saída fantástica para a questão da venda, principalmente para quem tem grupos maiores e bem organizados. É um mercado do qual eu não tenho do que me queixar.


Qual a importância de selos ambientais, de comércio justo etc.? O consumidor atual está disposto a pagar mais por um produto que tenha essas certificações?

Eu acho que o conceito erra quando a pergunta começa assim “ele está disposto a pagar mais?”. Por que ele tem que pagar mais?


Seguir os princípios estabelecidos pelas certificações pode encarecer a produção.

Nem sempre é assim que funciona. Havia uma época em que eu consumia o filtro de café que diziam ser ecológico pois não era branqueado. Ora, branquear o papel é uma etapa a mais; se há uma etapa a menos, deve-se cobrar igual ou menos. Mas eles cobravam muito mais!

Existe certo oportunismo nessa questão dos selos. O artesão está usando isso: “é caro, mas é comércio justo”. Não vou entrar nesse mérito, meu mérito é se o consumidor vai pagar. Não adianta eu chegar aqui na loja e falar “você vai pagar mais caro, mas é comércio justo”.

O fato de ter ou não ter um selo pode influenciar o consumidor naquilo que ele acredita que é certo, naquilo que ele acredita que é visão de futuro, nas coisas que ele quer fazer para ele, na vida dele, para os netos. A identificação desses valores por meio de um selo é um balizador para o consumidor, pois ele mesmo não tem como certificar.

De qualquer forma, eu não tenho certificado de nada, o que eu tenho é a minha história. Ninguém veio aqui e falou: “o Ricardo é isso”. Ganhamos alguns prêmios, pessoas vieram e fizeram auditorias, mas, fora isso, eu estou dizendo o que sou. No fundo é isso.

A loja se chama Projeto Terra. Mais do que uma loja, trata-se de um projeto?

Quando concebemos esse negócio, tínhamos a visão de uma coisa grande, com exportação, com franquias. Achávamos que o Projeto Terra, sob esse mesmo conceito de comércio solidário, poderia ter uma vertente na área de alimentação, com os orgânicos, com plantação local, na área de moda. Imaginávamos que teríamos uma grande loja – que era a do Shopping Villa-Lobos – e que dela derivaríamos todas as outras coisas. No projeto original, teríamos, do lado de fora da loja do Shopping Villa-Lobos, um café orgânico. Em 2002, não se falava em orgânicos. Não conseguimos viabilizar isso pois não tinha produtos orgânicos, apenas café e açúcar. Tínhamos ainda a vontade de produzir documentários sobre o assunto. Hoje em dia, as pessoas fazem muito, mas na época ainda era raro. Também começamos a escrever um livro sobre as comunidades. Enfim, a ideia era fazer uma coisa imensa. Eu diria que Projeto Terra foi um nome feliz.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Aprenda a calcular o preço do seu produto


Você vende muito, mas não está ganhando dinheiro? Seu produto agrada a maioria das pessoas, mas você vende pouco? O problema pode ser na hora de calcular o preço dos seus produtos.

Para isso, o Instituto Centro Cape, “braço” da Mãos de Minas está com inscrições abertas para o curso Custos e Formação de Preço de Venda, que acontece do dia 25 a 28 de junho, das 18h30 às 22h30, na rua Grão Mogol, 662, Sion – Belo Horizonte.

Dentre os temas abordados durante o curso estão: o que é custo, qual a diferença entre custo e despesa, fluxo de caixa e capital de giro. O aluno também terá a oportunidade de praticar a formação do preço de venda durante as aulas.

O investimento é de R$ 165 para associados à Mãos de Minas e R$ 185 para não associados. O pagamento pode ser realizado à vista ou dividido em duas vezes, sendo 50% no ato da matrícula e 50% em até três dias antes do início do curso.

Para se inscrever, acesse o site www.centrocape.org.br, no menu  “Agenda de Capacitação” – Empreendedores. Outras informações pelo telefone (31) 3282-8305 ou pelo e-mail tecnico@centrocape.org.br

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mãos de Minas oferece consultorias para artesãos

Objetivo é qualificá-los para melhorar a qualidade do trabalho.







Artesãos que querem aprender a calcular o preço do produto corretamente ou saber qual a embalagem que melhor se adequa a suas peças, ou ainda, quais são os pré-requisitos para exportar produtos artesanais, podem ter suas perguntas respondidas através de diversas consultorias, gratuitas, oferecidas pela Central Mãos de Minas aos seus associados.

As consultorias de preço, design, embalagem e cadeia produtiva são disponibilizadas semanalmente para grupos reduzidos de pessoas para que cada artesão tenha a chance de tirar as suas dúvidas, mostrar seu produto e assim, conseguir melhorar efetivamente o seu negócio.

Palestras sobre os temas “exportação” e “empreendedor individual” também são oferecidas com o objetivo de passar o máximo de informações sobre as alternativas de legalização e sobre o processo de venda para fora do país.

Os resultados práticos já podem ser vistos no dia a dia dos artesãos que já passaram pelas consultorias e palestras. A artesã Lygia Maria Meira participou das consultorias de cadeia produtiva e de preço. Para ela, a capacitação foi importante para se manter atualizada e para melhorar o seu negócio. “Eu gostei muito das duas consultorias; é sempre muito válido. A da parte financeira me ajudou a encontrar buracos na hora de lançar valores e a de cadeia produtiva a enxergar a seqüência do meu trabalho, que era uma coisa que eu não fazia”, disse.

O artesão associado interessado em participar das consultorias deve entrar em contato através do telefone (31) 3282-8300 ou encaminhar um e-mail para coordenabalcao@maosdeminas.org.br.
 
Confira as datas e horários das consultorias
A palestra de exportação acontece no dia 25/05 das 14h às 16h. 



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Artesanato de Minas ganha destaque na Macys

Fonte: Jornal Diário do Comércio 

Publicada em 17-05-2012

DANIELA MACIEL.



CENTRO CAPE/MÃOS DE MINAS
Norte-americana Macys irá apresentar a seus clientes a marca de 18 empresas brasileiras
Norte-americana Macy%u2019s irá apresentar a seus clientes a marca de 18 empresas brasileiras

O artesanato mineiro vai ganhar mais espaço nos Estados Unidos. 41 itens de 10 artesãos e grupos de artistas selecionados pela Central Mãos de Minas e Instituto Centro Cape, apoiados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pela Associação Brasileira de Exportação de artesanato (Abexa), serão expostos em três unidades da varejista Macy’s, em São Francisco, Miami e Nova York, entre os dias 15 de maio e 15 de junho.

As negociações com a varejista norte-americana começaram no fim do ano passado e a exposição dos produtos mineiros vai integrar a campanha "Brasil: a magical journey", em que a Macy’s irá apresentar a seus clientes a marca de 18 empresas brasileiras de diversos setores como moda, beleza e artesanato.

Segundo a coordenadora do setor de exportação do Centro Cape, Malu Drumond, a oportunidade deve garantir negócios para os artesãos. "A ideia é que, após a exposição, a Macy’s encomende novas peças. Como uma das maiores varejistas dos Estados Unidos ela pode abrir um grande mercado. Se as peças fizerem sucesso poderão ser comercializadas em todo o país", explica a coordenadora. As peças foram cedidas à Macy’s em regime de consignação.

Os artesãos foram convocados por meio de edital divulgado entre os associados e seleção das peças apresentadas. Para a artesã Mônica Santos Lima, de Belo Horizonte, essa é uma oportunidade especial. "Fazer parte dessa seleção é muito importante para apresentar nosso trabalho. A expectativa é sempre agradar o público e conquistar novos clientes", diz. A artesã trabalha sozinha desde 2005 e tem peças vendidas para Japão, Holanda e Estados Unidos.

Já os artesãos e proprietários da loja de artesanatos Trem Mineiro, Tallyta Tormen Quinelato e Pedro Ciochetti, da cidade de Prados, na região do Campo das Vertentes, já exportaram através da Central Mãos de Minas para Portugal e Espanha. "Esperamos concretizar novas vendas a partir da exposição. Isso já aconteceu em outras oportunidades e é muito bom para o artesanato mineiro contar com esse apoio", avalia Tallyta Quinelato.

O Grupo Galo de Barro, da cidade de Cataguases, na Zona da Mata, também terá peças expostas nos Estados Unidos. Serão 60 peças de dois modelos de potes. Segundo o artesão Aquiles Branco, são oportunidades como essa que garantem a sobrevivência do grupo que surgiu em 1994. "Sem os contatos oferecidos pelo Mãos de Minas seria impossível manter o Galo de Barro. Não conseguimos sobreviver apenas com o artesanato e para não deixar a chama morrer contamos com esse apoio", explica Branco.

O grupo, que hoje tem oito artesãos, já expôs nas feiras internacionais de Frankfurt, Milão, Nova York e La Rochelle, na França. Em 2002, foi premiado na feira francesa "Maison & Objets". Mesmo reconhecido internacionalmente ainda não consegue se sustentar e todos os artesãos têm empregos regulares.

Para o Centro Cape a expectativa é repetir o sucesso alcançado no início do ano com iniciativa semelhante com a varejista espanhola "El Corte Inglés". Representantes da varejista estiveram em Minas Gerais para visitar o evento de moda Minas Trend Preview e acabaram fechando contrato com artesãos mineiros por intermédio do Centro Cape. Foram vendidos 45 mil itens que foram distribuídos nas unidades da El Corte espalhadas pela Espanha e também por Portugal.

Seleção Nacional de peças artesanais



O “Reconhecimento de Excelência da UNESCO para os produtos artesanais do  MERCOSUL +” foi implementado em 2007-2008 em colaboração com os organismos competentes em artesanato da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

O “Reconhecimento” tem o objetivo de incentivar nos artesãos a criação de produtos por meio de habilidades, design e temas nacionais de modo inovador, assegurando a continuidade e sustentabilidade das tradições culturais. É um instrumento de promoção que avalia a qualidade e autenticidade dos produtos, bem como a promoção internacional dos agraciados com o reconhecimento.

Para sua realização, os Comitês Nacionais realizam a seleção de peças em seus países, de acordo com o Edital de Convocação do evento, e, numa etapa seguinte, as peças selecionadas são encaminhadas par ao evento de Reconhecimento, que é realizado em um dos países concorrentes – em 2012 no Uruguai, onde é realizada a seleção e outorga de reconhecimento por jurados indicados pela UNESCO.

Para a edição de 2012, 3ª edição do evento, que é bianual, o MDIC, por meio do Programa do Artesanato Brasileiro, será o Comitê Nacional para seleção das peças que representarão o Brasil no evento.


O Edital com detalhes sobre a seleção e forma de participação e o Formulário de Inscrição estão disponíveis no link: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=3535

As inscrições podem ser feitas até 15 de junho de 2012.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Centro Cape e Mãos de Minas desenvolvem projeto em parceria com Banco do Brasil

Associados da Mãos de Minas terão a oportunidade de participar do projeto Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS).




A Central Mãos de Minas está formatando um projeto para uma parceria com o Banco do Brasil e o Instituto Centro Cape, com o objetivo de trabalhar 50 associados, que residam em Belo Horizonte, no projeto Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS).

O que será feito com os associados escolhidos? Passarão por um diagnóstico para levantar as necessidades do negócio, além das necessidades pessoais e da família. Dentro do possível, o Banco do Brasil através de seus contatos irá buscar uma solução para aquilo que foi levantado.

Os artesãos escolhidos terão que, mensalmente, participar de uma reunião em que serão discutidas as necessidades atendidas, as novas necessidades apresentadas e pendências.

Caso seja do seu interesse, será realizada uma reunião no dia 28 de maio, às 9h, na sede da Central Mãos de Minas (Rua Grão Mogol, 662, Sion – BH) para passar mais detalhes sobre o projeto. Outras informações pelo telefone (31) 3282-8300.

Lembrem-se que serão somente 50 vagas para esta etapa do projeto. Futuramente, o projeto será aberto para o interior do estado.


Saiba mais sobre o DRS

O Banco do Brasil é parceiro de uma estratégia de desenvolvimento, denominada "DRS" Desenvolvimento Regional Sustentável, onde procura gerar riquezas e melhoria da qualidade de vida da população de uma região, enquanto contribui para o equilibrio social, respeito ao meio ambiente e a cultura regional. Esta estratégia visa atender todo o tipo de demanda, através do apoio a determinadas atividades apontadas pelos interessados, sempre em conjunto com parceiros, atendendo inclusive demandas de crédito, com linhas específicas com taxas e prazos adaptados a microprodução.

A estratégia DRS apoia o desenvolvimento de atividades produtivas rurais e urbanas, economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, além de respeitar a cultura local sendo o artesanato, destas atividades, uma das mais procuradas e apoiadas em todo território brasileiro.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Centro Cape oferece curso gratuito de Comportamento Empreendedor

O Instituto Centro Cape, braço da Mãos de Minas, oferece gratuitamente o curso “Comportamento Empreendedor”, que será realizado no dia 24/05, das 9h às 18h, na sede do instituto, localizado na rua Grão Mogol, 662, Sion – Belo Horizonte.

O curso será ministrado por profissionais treinados pelo Centro Cape para as primeiras 14 pessoas que fizerem inscrição por e-mail ou pelo telefone. O único pré-requisito para participar é ter no mínimo 18 anos. Ao final do dia, os alunos receberão um certificado de conclusão de curso.

Os interessados devem enviar um e-mail para tecnico@centrocape.org.br informando nome completo, endereço com o CEP, data de nascimento, telefone de contato e e-mail. Outras informações podem ser obtidas através do telefone (31) 3282-8305.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Feiras de Artesanato


Abertura da 13ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha: às 9h de hoje, na Praça de Serviços do Campus Pampulha/UFMG. De segunda à sábado, sempre a partir das 9h, com entrada franca. Shows até a próxima sexta-feira. Às 16h de hoje, abertura também da XVI In Ativa – Mostra de Artesanato dos Servidores Aposentados da Assembleia Legislativa, até dia 11/05, das 8h às 18h. A entrada também é gratuita.

Informações jornal Hoje em Dia