segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Artesanato mineiro chega às prateleiras do Tio Sam"

Confira reportagem que saiu hoje (13/02) no jornal Estado de Minas sobre exportação de artesanato e a participação da Mãos de Minas e Centro Cape.


A pedra-sabão é um dos itens que os americanos mais se interessam




Artesanato mineiro chega às prateleiras do Tio Sam  

Temporada brasileira em quatro lojas da Macy%u2019s nos EUA começa em 5 de maio, terá peças produzidas em várias regiões do estado e deve movimentar mais de US$ 1 milhão em 60 dias


Marta Vieira - Estado de Minas
Publicação: 13/02/2012 06:30 Atualização: 13/02/2012 07:31
   

Depois de conquistar minutos preciosos da atenção do presidente Barack Obama no Brasil, ano passado, tendo a presidente Dilma Rousseff como garota-propaganda, o artesanato brasileiro se prepara para fincar os pés em uma das maiores redes americanas de varejo, a Macy’s. Não se trata de coincidência entre dois fatos que prometem deixar marcas na arte popular típica do país. Chegar às vitrines da Macy’s é só a etapa final de um longo processo de negociação e convencimento das equipes de compras do magazine, num esforço concentrado para valorizar o produto nacional no exterior. A temporada brasileira começa em 5 de maio nas lojas de Nova York, Chicago, São Francisco e Miami, com a meta de vendas superiores a US$ 1 milhão durante 60 dias.

Para quem considera modesta a cifra esperada dos caixas da Macy’s, vale comparar a projeção às exportações de 2011. A receita do artesanato de Minas Gerais apurada no exterior foi de US$ 2,014 milhões de janeiro a agosto, somadas as vendas contabilizadas pelo Mãos de Minas, maior central de cooperativas de artesãos do estado. Para todo o ano passado, a expectativa é de uma renda para os artesãos de Minas na casa dos US$ 4 milhões, ou seja, os produtos que estarão na rede americana representam pelo menos 25% desse total.
O peso da atividade na economia brasileira também dá mostras da importância do negócio. Cerca de 8,5 milhões de brasileiros vivem da produção artesanal no país, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento movimenta algo em torno de 3% da produção de bens e serviços do Brasil, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). Portanto, ao redor de US$ 30 bilhões. Em Minas, essa fatia seria de US$ 2 bilhões e envolveria 500 mil pessoas.

Novos clientes no Tio Sam são mais que bem-vindos num momento de crise na Europa. As panelas de pedra-sabão fartamente produzidas em Minas e uma série de peças feitas das fibras da bananeira, além de trabalhos em cerâmica, têm tradição nas compras dos americanos. A presidente da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa), Tânia Machado, informou ao Estado de Minas que os trabalhos de artesãos selecionados em quase todas as regiões do Brasil para atender o contrato com a Macy’s vão seguir por navio, em abril, para os Estados Unidos.

A viagem das peças, avaliadas em US$ 500 mil, levará 20 dias até a costa americana, onde desembarcam arte indígena em plumagem variada, produzida no Norte, redes e a cerâmica do Nordeste, panelas de pedra-sabão, namoradeiras em madeira e bonecas de cabaça do Sudeste e imagens de madeira feitas no Centro-Oeste retratando bichos da fauna brasileira. “Os americanos querem o artesanato que mostra as cores das riquezas do Brasil e a alegria do nosso povo. E a oportunidade na Macy’s abre não só o comércio do mercado norte-americano, mas também o de outros países”, diz Tânia Machado.

A exposição e venda do trabalho dos artesãos na rede americana vai permitir, ainda, o teste de aceitação nas regiões da Flórida e da Califórnia, áreas em que a Abexa identifica potencial forte de vendas, tendo em vista o clima mais quente e mais identificado com o Brasil. As peças ocuparão espaços de 24 mil metros quadrados nas quatro lojas da Macy’s.

O negócio foi enquadrado num evento que vai homenagear o Brasil nas prateleiras da rede. Com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Centro Cape, braço executivo do Mãos de Minas, vai sortear convites para a Fórmula Indi nos EUA, passagens para o Brasil e distribuirá 1 milhão de exemplares da revista O Brasil feito à mão, editada em inglês. Sacolas da rede deverão estampar motivos e temas brasileiros e é possível que a Abexa leve um grupo de índios para exibir pinturas corporais típicas. Está acertada a reserva de espaço no primeiro piso da loja de Nova York para abrigar o artesanato e apresentações de videos sobre a gastronomia e a cultura brasileiras.

Pronta entrega
O negócio com a Macy’s terá o reforço de uma outra estratégia dentro da incursão do artesanato brasileiro nos Estados Unidos, que cria um centro de distribuição com pronta entrega no estado de New Jersey. Segundo Tânia Machado, da Abexa, um galpão de 2 mil metros quadrados gerenciado pela empresa Worldwilde, parceira antiga do Centro Cape, será transformado em depósito, que também abrigará estrutura para vendas pela internet.

A iniciativa vai consumir recursos de US$ 75 mil que serão liberados pela Apex-Brasil, para reforma e adequação do galpão. O comércio virtual visa atender os lojistas revendedores nos EUA, uma característica que difere do sistema de vendas pela internet do Mãos de Minas no Brasil. A capacidade de estocagem em New Jersey será suficiente para que em três dias o cliente receba o produto. A nova estrutura deverá estar pronta em abril.

Passarela da fama
A mais nova investida do Centro Cape, com apoio da Apex-Brasil, tem como alvo apresentar o artesanato de Minas Gerais aos chefes de Estado que vão participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro. As negociações para a montagem da exposição no piso de entrada do prédio da ONU começaram no fim de janeiro, quando os artesãos de Minas concluíram um contrato de vendas também inédito com a cadeia varejista espanhola El Corte Inglés. Junto ao trabalho artesanal, as lojas de departamentos compraram produtos das indústrias mineiras de móveis, roupas, sapatos e objetos de decoração. Só o Mãos de Minas despachou à rede 48,6 mil caixas contendo peças variados, num negócio que rendeu 750 mil euros, o equivalente a US$ 1,1 milhão.